quarta-feira, 28 de fevereiro de 2007

Sonhos de um mundo (ir)real



Com o tempo aprendemos muitas coisas. Uma delas é que até aquilo, ou aqueles, que não gostamos, podem nos surpreender. E positivamente.

http://www.youtube.com/watch?v=Sp5iliX3UTw

Esse é um link do clipe "Vilarejo" da Marisa Monte que vi recentemente e, clichês à parte, me fez chorar (quem me conhece sabe que isso é um tanto raro) e passar minutos imóvel em frente ao computador.

Confesso não gostar das baladinhas chorosas da cantora e menos ainda do experimentalismo "Triobalista", mas devo admitir que, dessa vez, eles têm, incoerentemente, meus modestos aplausos.

A música da Marisa, Antunes, Brown e Pedro Baby, mesmo com sua melodia suave e de uma poesia bucólica, junto às amargas imagens do vídeo, tem a força de uma bofetada. E aí está o elogio.

Essa estratégia de “Olhem! O mundo tá acabando e o q você vai fazer?” não é um recurso de vanguarda. Ainda assim, para mim, os louros do trabalho não estão só na insistência de retratos de uma realidade cruel e latente, com um roteiro e direção de fotografia cuidadosos de Andrucha e Cia, que resultam num deja vù social bem feito, triste e necessário.

Os méritos do trabalho surgem dessa antítese sinestésica. Um paradoxo de uma canção utópica que traz paz e esperança, diante de formas que causam no mínimo um leve incômodo, até em reaças de direita.

Já ouvi e assisti dezenas de vezes. Gostei. O difícil é tirar o gosto amargo da boca depois.

terça-feira, 27 de fevereiro de 2007

Adie seu obituário!

Do Sensorial Neruda:


Morre lentamente quem não viaja, quem não lê, quem não ouve música, quem não encontra graça em si mesmo.

Morre lentamente quem destrói o seu amor-próprio, quem não se deixa ajudar, morre lentamente quem se transforma em escravo do hábito, repetindo todos os dias os mesmos trajetos, quem não muda de marca, não se arrisca a vestir uma nova cor ou não conversa com quem não conhece.

Morre lentamente quem faz da televisão o seu guru.

Morre lentamente quem evita uma paixão, quem prefere o negro sobre o branco e os pontos sobre os "is" em detrimento de um redemoinho de emoções, justamente as que resgatam o brilho dos olhos, sorrisos dos bocejos, corações aos tropeços e sentimentos.

Morre lentamente quem não vira a mesa quando está infeliz com o seu trabalho, quem não arrisca o certo pelo incerto para ir atrás de um sonho, quem não se permite pelo menos uma vez na vida a fugir dos conselhos sensatos.

Morre lentamente, quem passa os dias queixando-se da sua má sorte ou da chuva incessante... Morre lentamente, quem abandona um projeto antes de iniciá-lo, não pergunta sobre um assunto que desconhece ou não responde quando lhe indagam sobre algo que sabe.

Evitemos a morte em doses suaves, recordando sempre que estar vivo exige um esforço muito maior que o simples fato de respirar. Somente a perseverança fará com que conquistemos um estágio pleno de felicidade.

segunda-feira, 26 de fevereiro de 2007

TÁgarelices:

Costume de tagarelar, falar muito, matraquear, papear, parolar, chalrar, taramelar.

Assim o vernáculo explica um dos meus grandes (e preferidos) hábitos que, somado a uma sútil referência a meu nome (para quem não percebeu), designa esse blog e suas intenções.


Tagarelices digitais das minhas percepções e opiniões sobre o que eu quiser. Aqui EU sou ditadora de mim mesma. Afinal, esse é MEU espaço e aqui eu posso tagarelar como me convém.

Sem cortes do editor. Sem intervenções estilísticas. Sem objeções. Sem censuras!